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Cansei de ser forte, de aguentar firme, lutar, sorrir, compreender, apaziguar, estar lá. Cansei de acordar, piscar os olhos, engolir, respirar. Cansei dos verbos de ação, dos complementos nominais, dos sujeitos e dos predicados errados. Cansei dos radicais, dos morfemas e das minhas conjugações. Cansei das regras, paradoxos, limitações, inseguranças e abismos. Cansei das equações, funções, potências, incógnitas e gráficos parabólicos. Cansei disto, daquilo, do papel, da caneta. O roteiro já não me atrai, a direção desconfia e o elenco parece que nunca soma. O cenário já esgotou, a iluminação é precária, a sonoplastia enjoa. E se o texto é bonito, nunca se chega a sua essência. O emprego já não rende, os horários não são cumpridos e metas, nem sei quais são. Os professores, nem conheço, as escadas já não cansam e as pessoas são as mesmas. Os ônibus estão lotados, os lugares ocupados e o trânsito, já nem incomoda. Na mesa, não se encontra nada, a cama não sei qual é e a cada dia a parede muda. Se um sorriso aparece, é pra viver. E no final, nem sei quem sou.
E mesmo sem querer o guerreiro recua, porque percebe que não é tão forte quanto finje ser e sua batalha não é mais repleta de nobreza.

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