when dreams come true

"If we can dream, we also can make it true." Walt Disney

 Pegou suas chaves, um pedaço de papel, colocou a cadeira perto da mesa e saiu. Enquanto caminhava, lembrou dos seus chinelos cor-de-rosa, da cama com sobrecéu e dos quadros que sua avó pintava. A lembrança de sua infância foi como um banho de água quente no inverno: aconchegante. Lembrou de seu travesseiro em forma de porco, do seu livro de contos preferido, dos relatórios que seu pai largava pela casa, da agenda telefônica com apenas dois contatos de sua mãe e da gilete velha que seu avô usava. Lembrava disso com tanta doçura que até se esquecia do propósito de sua saída.

 Apanhou a carta guardada cuidadosamente em sua bolsa e releu até decorar cada vírgula que continha. Lágrimas e sorrisos se misturavam em sua face. Era tanta alegria que nem ela estava mais suportando. Aquela carta tinha mais valor para ela que um cheque de meio milhão de reais. As palavras bem objetivas mudaram o rumo de sua vida com-ple-ta-men-te.

            “Senhorita Carolina, muito prazer.

            Informamos por meio deste que o roteiro de seu filme, Despertar, foi aceito pela nossa comissão. Gostaríamos que a senhorita se dirigisse imediatamente a nossa produtora para conversarmos sobre os termos do contrato.

                                                    Atenciosamente, 

                                                                        Movie Productions"

 E foi com aquela carta na mão, com um sorriso no rosto e exalando confiança que ela seguiu seu trajeto. Afinal, era o projeto do seu filme que fora aceito. E desde então ela ama cartas mais que tudo.  

Ps.: texto feito em homenagem a Carolina Minuzzi. E Despertar realmente existe.

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